A psicóloga Viviane Spiandorello também é uma profissional resiliente. Ela trabalha há um ano na APAE de Jundiaí e cuida do Programa de Atenção ao Envelhecimento, que atende usuários a partir dos 35 anos. “Resiliência é um termo que hoje está na moda, mas é um sentimento que sempre permeou o nosso dia a dia”, garante. “Comecei a trabalhar na APAE em janeiro de 2020, logo veio a pandemia e fui dispensada”, lembra. “Em setembro, com a volta dos atendimentos presenciais, me chamaram novamente”, comemora.
Ela trabalha nesta área desde 2015 e já atuou em outras APAEs na região. “Este é um público que nos dá muito prazer: a gente consegue acompanhar o desenvolvimento sutil, enxergamos a evolução em pequenas coisas e isso nos enche de orgulho e, a eles, de satisfação e alegria”, explica.
O aumento da expectativa de vida das pessoas com deficiência intelectual trouxe longevidade e, para Viviane, é fundamental que essas pessoas sejam acompanhadas de perto. “Há algumas décadas, as famílias não assumiam os filhos, escondendo-os da sociedade. Hoje, a forma de enxergá-los mudou, graças a Deus, e vemos pessoas com dificuldades sim, mas com potencialidades também e o trabalho de inclusão que promovemos aqui na APAE consegue inseri-los na sociedade”, defende.
Os usuários do PAE (Programa de Atenção ao Envelhecimento) gostam de vir para a APAE. “Eles cresceram aqui: suas histórias estão intimamente ligadas às da organização. É uma história conjunta de crescimento e desenvolvimento deles e da APAE e sou muito realizada em poder fazer parte de tudo isso”, comenta, lembrando sobre o desafio dos atendimentos remotos. “Nós dependíamos do apoio e da atenção da família e tínhamos que levar em consideração a idade avançada dos pais ou cuidadores. Mas conseguimos: o feedback foi positivo e aqueles que não dominavam o whatsapp foram atendidos por telefone”, explica.
O antigo provérbio ‘fazer do limão uma limonada’ é perfeito para descrever os obstáculos enfrentados e a superação que veio da obstinação de profissionais engajados e empenhados em fazer acontecer, fazer dar certo. “As famílias se envolveram mais nas atividades porque agora elas eram desenvolvidas em casa e os familiares acabaram redescobrindo e reconhecendo as capacidades e potencialidades de seus irmãos e filhos”, reforça. “Eles se surpreendiam com os resultados e isso nos enchia de orgulho”, completa.
No PAE, Viviane trabalha os eixos identidade, autocuidado e autonomia. “Estamos trabalhando a convivência familiar e quando terminamos um atendimento fica aquela sensação de satisfação com eles, pelo esforço e desempenho, e comigo mesma, como profissional: eles nos surpreendem sempre”, garante.