“Superação e esperança tem que andar de mãos dadas”, conta a professora Juliana

Profissionais resilientes são pessoas que se doam, apesar da adversidade, que se empenham em busca de resultados e os alcançam. A campanha de marketing da APAE de Jundiaí deste ano está apresentando todos os colaboradores da organização. “Todos aprendemos muito com a pandemia, a nos reinventar e, principalmente, a superar o medo, as incertezas e continuar firmes em nosso propósito de atender as pessoas com deficiência: esta campanha está nos ajudando a reforçar essa força que todos temos”, comentou Suely Angelotti, diretora executiva da APAE.

Juliana Pedroso Simionato, professora de Educação Física é uma destas profissionais. No dia a dia da APAE, ela atua com crianças e jovens de 7 a 29 anos. “Depois de casada fui fazer faculdade. E sempre que passava em frente à APAE, olhava, admirava e pensava comigo mesma: ‘um dia vou trabalhar aí’ e consegui”, lembra. Juliana trabalhou por seis anos, ficou um ano afastada, em outra instituição, e está de volta há cinco anos. “Não me adaptei na outra instituição por conta do público atendido: gosto de trabalhar com crianças e descobri que não consigo trocar a educação especial por nenhum outro público”, explica.

Juliana trabalha quatro dias por semana na APAE e já está reencontrando seus alunos presencialmente, mas durante a pandemia, as aulas foram remotas e os materiais de apoio para as aulas, todos improvisados. “Não sabia fazer vídeo, meu filho e marido me ajudaram. E como os vídeos eram feitos em casa, então tem vídeo que aparece as plantas do quintal, nosso cachorro, mas o importante é que ficou de fácil entendimento tanto para os pais, quanto para os alunos”, conta.

As aulas gravadas em vídeo foram o maior desafio desta pandemia. “As atividades propostas tinham que levar em consideração não só os alunos, mas também suas famílias e a realidade de cada um dentro de casa”, comenta. “E os feedbacks dos pais também vieram pelo whatsapp. Os pais nos enviaram vídeos e fotos dos filhos se exercitando e, orgulhosos, nos agradeciam, porque muitos não tinham ideia do que o filho era capaz”, completa.

Aos poucos, os alunos estão voltando. A APAE de Jundiaí está seguindo as orientações e normas para garantir toda a segurança para os pais. “Estávamos com saudades de ter essa movimentação pelas salas de aula e corredores. É uma alegria ver todos retornando com vontade e disposição e é por isso que não consigo deixar esse público: eles encaram tudo com muita alegria, comemoração e gratidão, eles são muito sinceros e isso faz um bem danado para a gente como profissional”, avalia.

E em meio a tantas novidades com vídeos, fotos e atividades remotas, Juliana também se descobriu resiliente. “Temos que ser flexíveis, nos adaptar e nos reinventar, todos os dias e quando um familiar reclamava das atividades, sempre incentivei porque sabia que eles seriam capazes e foram. A interação da família com os alunos o grande presente desta pandemia: não tem momento ruim que a gente não consiga tirar uma coisa boa”, garante a professora. “E o resultado vem com o esforço de todos: vi avós fazendo atividades com os netos e a mãe filmando para nos encaminhar. Como educadores, ver esse empenho da família foi muito gratificante”, reforça.

Uma das dificuldades que Juliana enfrentou foi gravar os vídeos com atividades. “Eram vídeos de 1 minuto e meio, com introdução, cumprimento, apresentação da atividade e encerrar com agradecimento, pedindo o feedback da família. No começo foi difícil, gaguejava, me atrapalhava, mas, aos poucos, tudo foi se encaixando e hoje todos os profissionais tiram de letra”, conta. Para ela, superação e esperança andam de mãos dadas. “Não podíamos parar porque eles (os alunos e suas famílias) não podiam ficar sem as atividades e o nosso apoio. O teleatendimento foi a ferramenta mais usada”, completa.

Juliana perdeu um irmão para o novo coronavírus e foi um momento muito triste e ela superou a dor para continuar. “Respirei fundo e, com apoio da minha família e da APAE foi possível continuar, pois, havia pessoas que dependiam de mim, que estavam esperando meu apoio, suporte e orientação: por eles não podemos desistir”, conta lembrando um ditado popular que cabe bem para este momento: “se a vida tiver amarga, é só sacudir o açúcar que está no fundo para que tudo fique doce novamente”.