O dia a dia da APAE é feito por pessoas resilientes. Profissionais que se superam todos os dias em busca das melhores soluções e conseguiram, ao adaptar as atividades, envolver pais e filhos. E o resultado: crianças, jovens e adultos mais empoderados e preparados para novas descobertas. De acordo com a diretora executiva, Suely Angelotti, a APAE de Jundiaí, assim como todas as Apaes, é feita por pessoas que cuidam de pessoas e essa relação é muito intensa, mexe com a gente e nos torna mais fortes”, comenta Suely.
Nesta semana, a APAE de Jundiaí conversou com a terapeuta ocupacional Bruna Cristina Costa Riva. Ela tem 31 anos e começou a trabalhar na APAE em 2015. Quando Bruna saiu da faculdade, ela passou por algumas APAEs da região, mas foi a infraestrutura da APAE de Jundiaí que a motivou a vir para cá. “Hoje estamos vivendo uma situação bem complicada com a pandemia, mas a preocupação e os cuidados com a higienização sempre existiram na APAE de Jundiaí e isso me chamou a atenção desde o primeiro dia”, lembra.
Neste novo tempo entre um atendimento e outro, existe um protocolo que deve ser seguido à risca. “Atendo 14 crianças de zero a 6 anos: eles são frágeis e os cuidados são redobrados”, explica. “Mas a maior dificuldade enfrentada foi quando acabou aquele período de isolamento e voltamos a atender presencialmente: as crianças têm medo do jaleco branco. E além do jaleco, nós usávamos máscara, luvas, faceshield e elas não nos reconheciam”, conta. “Naquele momento tivemos que trabalhar novamente a confiança de cada usuário depois de dois meses em casa. Os equipamentos de proteção afastavam as crianças num primeiro momento”, lamenta.
Com a volta dos atendimentos presenciais, Bruna conta que a instituição estudou todas as orientações dos governos estadual e municipal e reforçou as orientações a todos os profissionais sobre higienização e atendimento. “Nós reorganizamos todos os atendimentos com 10 minutos entre um e outro para dar tempo de lavar as mãos, higienizar as cadeiras, mesas e equipamentos”, ressalta.
Bruna acredita que a superação foi o grande aprendizado deste novo tempo. “Mesmo vivendo um ano bem conturbado em que ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo e o que ia acontecer no futuro, nós conseguimos dar continuidade aos atendimentos. Nos unimos para pesquisar materiais simples para que as famílias não tivessem gastos e nos esforçamos para orientar de forma acessível como desenvolver as atividades e exercícios em casa”, conta.
A grande aliada dos profissionais da APAE neste novo tempo foi a família. “Pais e irmãos entenderam a sua importância e o seu papel no desenvolvimento da criança: conseguimos famílias mais participantes e, como resultado, relatos de maior autonomia das crianças em casa: pais que não sentavam para brincar começar a fazer isso e a gente acredita que tudo isso vai continuar e isso é muito bom”, comemora.
Apesar de tantas dificuldades, de lidar com o novo, Bruna reforça que não perdeu a esperança momento algum. “O desenvolvimento e o resultado das crianças nos motivam cada vez mais a continuar, a se superar, a buscar novas ferramentas, novas atividades. Apesar da limitação no contato, no vínculo com a criança ser limitado – e isso é difícil para o profissional de terapia ocupacional – ver o sorriso deles quando conseguem fazer o que é proposto é o que nos motiva”, completa.
Este ano, com a nova campanha da APAE de Jundiaí focada na Resiliência, Bruna comenta que não haveria sentimento melhor para expressar o que está sendo viver este momento. “Os obstáculos foram surgindo e fomos superando-os um a um. A guerra ainda não acabou contra o coronavírus, mas as batalhas estão sendo vencidas. Estamos aprendendo com tudo que vivemos e mudando. Superamos os primeiros momentos de incerteza e nos reinventamos e tiramos o melhor proveito de tudo. De que adiantaria passar por tudo que estamos passando e continuarmos a mesma pessoa? Não faz sentido”, questiona.